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A importância de brincar na infância colabora para o desenvolvimento social, físico, criativo e emocional das crianças, que interagem de modo espontâneo e natural com outras e com o meio físico, aprendendo a compartilhar e conviver na sociedade de maneira pacífica e democrática.
Hoje em dia o ato de brincar é facilmente relacionado a playgrounds em condomínios fechados. Essa escolha por espaços privados estão associados a uma visão negativa sobre a cidade, de que ela é insegura, violenta e degradada. Uma grande parcela das crianças só conhece a cidade através da janela do carro e isso pouco contribui para a aprendizagem e desenvolvimento dos pequenos, que se afastam de questões sociais e da convivência, além de deixarem de praticar atividades físicas. O brincar faz com que os pequenos estejam em constante movimento, prevenindo problemas relacionados ao excesso de peso e ao sedentarismo.
Mas, então, qual é o espaço de brincar ideal?
Estar nos espaços públicos colabora para a percepção do olhar da criança sobre a cidade, fazendo que que ela entenda como é o lugar em que mora, conviva com as outras crianças, aprender, troque experiências e se sinta parte do todo, com uma visão de pertencimento dos espaços.
Além disso, as brincadeiras lúdicas praticadas na cidade, que são mais livres e prazerosas de executar, instigam a criatividade das crianças e fazem com que aprendam intuitivamente, criando, sentindo e refletindo sobre suas ações.
Outra questão relevante é sobre a educação e planejamento das cidades. Se as crianças, que serão os futuros tomadores de decisões, não viverem a cidade como parte da sua casa e do seu dia a dia, dificilmente trabalharão para construir cidades mais ativas, mais saudáveis e mais humanas.
A vivência das crianças hoje vai impactar a personalidade desses adultos no futuro. Se elas hoje brincam e vivem ativamente a cidade, podemos esperar impactos positivos para elas no futuro como: participar do desenvolvimento urbano com soluções criativas e humanas para espaços públicos; se sentir responsável pelo bom desenvolvimento da qualidade de vida nas cidades; se preocupar com o meio ambiente e agir conscientemente para evitar danos, entre outros.
Diversas iniciativas estão transformando essa ideia de que brincar ou estar do lado de fora é perigoso, revelando os benefícios do brincar na cidade.
Um exemplo é o programa Ruas Abertas, que permite essa ocupação mais humana e diversificada de espaços da cidade através da abertura de algumas vias aos domingos e feriados. É nas ruas da cidade que as crianças podem aprender que esse espaço público é das pessoas, e não dos carros.
Iniciativas de coletivos também estão fazendo a diferença na cidade e na vida dos pequenos. São ações que identificaram a importância de envolver as crianças na ativação dos espaços públicos, de ouvir sua opinião, de promover atividades lúdicas na cidade ou, ainda, de incentivar o caminhar e o pedalar, afastando a ideia de que a forma de deslocamento mais segura e desejável é o veículo particular.
Mas não são só as crianças que devem brincar…
As brincadeiras lúdicas para as crianças têm a mesma função para os adultos, a de manter uma boa saúde mental e física, de estimular a criatividade na solução de problemas, auxiliar o desenvolvimento social e cultural. E exercer essas atividades em espaços públicos reforça o sentido de pertencimento de cada um sobre a cidade, além de ser mais uma maneira de praticar atividade física no dia a dia.