O piso tátil, que deveria ser referência para aqueles que não enxergam, está muito próximo da faixa de serviço da calçada, onde podem ser encontrados obstáculos, como placas de sinalização, postes e telefones públicos. Em alguns casos, como em frente ao Fórum da Cultura, a linha-guia coincide com o local onde estão os equipamentos urbanos, dificultando a circulação segura dos deficientes. Já os cadeirantes reclamam da falta de rampa de o para travessia, pois, em muitas cruzamentos, esta etapa não foi concluída pela Secretaria de Obras.
De acordo com a professora de orientação e mobilidade da Associação dos Cegos, Flávia Alves Bonsanto, para melhorar as condições dos deficientes visuais, os equipamentos deveriam estar instalados no meio da calçada, e não na direção do meio-fio, perto da faixa de serviço. Devido a este problema, a especialista, ao ensinar seus alunos a andarem sozinhos pelas ruas, não tem utilizado o novo piso como referência. "Eu até explico como é o material, mas a indicação é que eles toquem a bengala na parede, como é feito em outras vias da cidade."
Para um dos assistidos da associação, o deficiente visual José Luiz Souza Silva, 43 anos, o posicionamento do piso tátil não transmite segurança. "Em alguns locais, o poste está exatamente no meio da linha-guia. Desse jeito, podemos nos machucar." Ele também informa que, na associação, já foi discutida a opção de começar a mudança das calçadas pela Rua Santo Antônio. "Não faz sentido. Grande parte dos deficientes visuais da cidade usa a Avenida Rio Branco para chegar até a associação."
A Secretaria de Obras, por meio da assessoria de comunicação, disse que iniciou as obras pela Rua Santo Antônio por uma decisão técnica. O modelo adotado também será empregado em outras vias da cidade, sendo a Avenida Getúlio Vargas a próxima. Sobre a instalação da linha-guia para deficientes sob obstáculos, foi informado que a construção segue as regras da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Nela, é determinado que, no piso tátil, haja identificação, antes e depois dos obstáculos, o que já foi implantado. Como esta informação deve estar presente em toda a extensão do piso, a assessoria informou que a empreiteira responsável pela obra vai vistoriar toda a calçada e avaliar se é necessário realizar qualquer tipo de adequação.
Cadeirantes
Como já mostrado pela Tribuna em agosto do ano ado, a rampa de o para travessia de cadeirantes, na esquina das ruas Santo Antônio e Benjamin Constant, está fora da faixa de pedestres, colocando as pessoas com mobilidade reduzida em risco. Além deste problema, foi mostrado um desrespeito ao Código de Posturas do município: a rampa está distante a menos de três metros de um cruzamento. Segundo a assessoria da Secretaria de Obras, os trabalhos ainda estão em andamento e, o que está definido no projeto, será executado.
Segundo a presidente voluntária da ONG Somar Brasil, Thais Altomar, uma manifestação deve ocorrer no local para lembrar a população que o equívoco ainda não foi corrigido. "Em julho, faz um ano. Tempo suficiente para arrumarem a falha." Ela também concorda com o deficiente visual que a Rua Santo Antônio não deveria ser a primeira a receber as melhorias. "Não faz sentido melhorar a ibilidade do deficiente físico em um morro tão acentuado como aquele entre as ruas Oscar Vidal e Espírito Santo."
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